blog do André Valente


270 filmes – #033 – Stardust Memories
31/07/2009, 10:31
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stardustmemories

#033 – Stardust Memories (Memórias) – 1980

Woody Allen se encontra com uns extraterrestres. Se aproveitando do seu intelecto superior, pergunta pra eles se, já que nada no universo vai existir pra sempre, porque ele se importaria em fazer filmes ou qualquer coisa. Eles respondem: “Ah, mas a gente adora os teus filmes! Especialmente os antigos, engraçados.” Aí ele pergunta se deveria parar de fazer filmes e tentar acabar com a fome mundial, ou alguma coisa assim. Eles respondem: “Tu não és o Super-Homem. Tu és um comediante, caramba. Quer fazer um favor pra humanidade? Faça piadas mais engraçadas e pronto.” E enquanto eles vão embora, Woody grita: “Mas eu preciso encontrar significado nas coisas!”

(É o filme em que o Woody Allen copia o estilo do Fellini. Por um tempo, o filme se chamou “Nº 4”. Woody explicava o título dizendo que não conseguiria ser nem metade do 8 1/2 do Federico.)

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Você pode acompanhar a série aqui, ou ver as imagens maiores no flickr e no meme.



270 filmes – #032 – Horror em Amityville
30/07/2009, 10:26
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#032 – Horror em Amityville (The Amityville Horror) – 2005

Esse deve ser, sem a menor sombra de dúvida, um dos piores remakes já feitos na história do cinema. Por quatro razões:
1: o filme original de 1979 nem era tão bom. Ele deixou passar um monte de cenas boas do livro, os atores eram bem meia-boca e os personagens eram bem superficiais. Espaço e oportunidade pra melhorar existiam de sobra.
2: mesmo que a história da família Lutz seja invenção, o assassinato dos DeFeo em 1974, a base da tal assombração, realmente aconteceu. O problema é que pra fazer o filme parecer com os filmes de terror japoneses inventaram uma menininha fantasma que assombra a casa que, além de não ter nada a ver com o sujeito que assasinou a família, não existir na família DeFeo, nem se parecer com a entidade com cabeça de porco que os Lutz dizem que conversava com a filha mais nova, no fim de contas só deixa o filme mais besta.
3: o que fizeram com o personagem do Walter Lutz é um desaforo. Walter Lutz, logo antes de morrer, processou o povo que fez o filme por difamação. Ele nunca matou o cachorro, como o filme mostra, nem tentou matar a própria família, e eu duvido que tenha passado semanas da sua estadia na casa assombrada sem camisa, mostrando a barriga tanquinho, como o Ryan Reynolds faz por metade do filme.
4: o pior de tudo, mas pior mesmo, é que o filme começa bem. Pra contar a história dos DeFeo mostra trechos de noticiários da época, o que dá calafrios. O filme passa um bom tempo mostrando a família Lutz antes de chegar na casa, a relação entre Walter e os filhos do casamento anterior, a tensão entre ele e o enteado mais velho (que poderia ter sido usada pra fins bem interessantes). Mas é só chegarem na casa em Amityville que tudo desembesta e o filme vira uma porcaria. Pena.

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Você pode acompanhar a série aqui, ver as imagens maiores no flickr e no meme, ou no blog do meu pai (com dois dias de atraso).



270 filmes – #031 – There Will Be Blood
29/07/2009, 10:13
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therewillbeblood

(Desenho de Alice Prina)

#031 – There Will Be Blood (Sangue Negro) – 2007

A Alice me mandou esse desenho do Sangue Negro pra participar do projeto, e eu resolvi colocá-lo como celebração de 1/9 de todos os desenhos prontos. Ela teimou em fazê-lo horizontal, quando a regra do jogo é fazer sempre vertical (como as páginas de um livro, entende? ;) ), mas depois de adaptar ficou ótimo. Os espaços e a textura realmente lembram o clima do filme, em que há mais escondido do que visto. A Alice tem a capacidade de captar cores de uma forma apurada e exata (que eu nunca vou conseguir). Acho justo que ela faça esse filme (mesmo sendo um dos meus favoritos), já que outro dia ela fez um trabalho de faculdade usando só paletas de cores de filmes do Paul Thomas Anderson. Coisa linda. Ai ai, essa menina vai longe



270 filmes – #030 – Naked Lunch
28/07/2009, 10:03
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#030 – Naked Lunch (Mistérios e Paixões) – 1991

O engraçado desse filme é que, apesar de ser relativamente recente (ei, 18 anos não é nada!), ele nunca seria feito hoje em dia. E se fosse feito, não teria nem metade do charme. Onde já se viu, um filme noir com máquinas de escrever que são besouros, alienígenas gays que recrutam espiões, e que ainda por cima não usa efeitos especiais de computador. Por mais que os cenários sejam todos (claramente) internos, são feitos com uma profundidade de detalhes que a experiência não se torna menos imersiva. Tá bom, o filme é meio chato, meio longo, meio sem nexo, mas é filho único de mãe solteira. Não existem outros filmes como esse, e não é mais possível fazer cópias.

E assim acaba o primeiro ciclo Cronenberg. O legal é que Cronenberg ainda tem vários filmes esquisitíssimos pra desenhar. Um dia faço outros.



270 filmes – #029 – A Mosca
27/07/2009, 10:56
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#029 – A Mosca (The Fly) – 1986

Eu não consigo pensar no Jeff Goldblum em outro papel. Ele fez várias outras coisas na vida. A juventude de hoje em dia deve conhecê-lo como o cientista descolado de Jurassic Park 1 e 2. Mas pra mim ele sempre vai ser A Mosca. Brundlefly. Um fato pouco conhecido é que o Mel Brooks foi um dos produtores do filme. Uma das pessoas que disse, “sim, eu quero pagar para que o Cronenberg faça um filme sobre um homem que vira uma mosca”. Eu também pagaria.



270 filmes – #028 – Videodrome
26/07/2009, 10:44
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#028 – Videodrome (Videodrome – A Síndrome do Vídeo) – 1983

Imagino o Cronenberg captando recursos, chegando nas reuniões de investidores e pedindo dinheiro para o seu filme, em que: “o James Woods começa a alucinar quando vê um vídeo pirata, e aí ele namora a Debbie Harry, mas ela é masoquista, e aí ele encontra uma vagina na própria barriga e enfia uma arma lá dentro, e conversa com os produtores do vídeo pirata que também fabricam óculos e eles começam a mandar ele matar pessoas. E ele mata!”. E os investidores, apesar disso, assinaram seus cheques e financiaram o filme.



270 filmes – #027 – Scanners
25/07/2009, 10:38
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#027 – Scanners (Scanners – Sua Mente Pode Destruir) – 1981

Um dos primeiros filmes do Cronenberg. Scanners é esquisito, muito esquisito. Assim como quase todos os outros filmes do Cronenberg, o filme parece um pesadelo. O ator principal parece ter algum tipo de retardo. Os atores fingindo que conseguem machucar uns aos outros com o poder da mente fazem tudo parecer meio ridículo. E a trilha de sintetizadores pesados não ajuda muito. Mas mesmo assim, o filme é muito divertido, e nem por isso deixa de ser perturbador. Não se fazem mais filmes assim. Tão ambíguos.



270 filmes – #026 – Manhattan
24/07/2009, 10:20
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#026 – Manhattan (Manhattan) – 1979

Chapter one: não acho que Manhattan seja dos melhores filmes do Woody Allen, embora ele seja muito bom. Também não é dos piores, com certeza. Mas, sem dúvida, tem o que pode se considerar um dos melhores primeiros quatro minutos de qualquer filme. A trilha sonora de Gershwin, a narração em off, as cenas em preto e branco da “grande maçã”… Nunca fui à Manhattan, mas quando chegar lá espero que dure mais que esses quatro minutos.

(A Alice tinha me pedido pra não fazer mais filmes do Woody Allen, mas eu acho um pouco irresistível porque: 1) metade eu esqueci que vi e a outra metade eu realmente não vi, e 2) são 40 e poucos filmes bem diferentes, e essa quantidade me ajuda a terminar meu objetivo de 270. Vamos votar: quem acha que eu devo continuar fazendo Woody, comente. Quem encheu o saco, comente também. Prometo que, qualquer que seja o resultado, só farei um filme dele por semana…)



270 filmes – #025 – The International
23/07/2009, 13:10
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#025 – The International (Trama Internacional) – 2009

Eu adoro os filmes do Tom Tykwer. Mas o cara é um diretor completamente visual. A impressão que eu tenho é que depois que ele saiu da Alemanha pra fazer filmes em Hollywood, alguma coisa se perdeu nas traduções e, Paraíso, Perfume e agora Trama Internacional viraram filmes lindos, de montagem incrível, com roteiros e diálogos completamente imbecis. Trama Internacional até que é um filme bacana, mas acho que funciona melhor sem som, porque tenho a impressão de que a tal trama não faz muito sentido. Ao mesmo tempo tem uma cena de tiroteio no Guggenheim maravilhosa e uma fotografia tensa e inteligente, quase um Hitchcock atualizado.

(O desenho de hoje não me agradou muito, mas é porque é uma tentativa de fazer um cartaz polonês, e como não ando tendo contato com o meu leste europeu interior, ficou meio esquisito.)



270 filmes – #024 – Wristcutters: A Love Story
22/07/2009, 10:35
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#024 – Wristcutters: A Love Story (Paixão Suicida) – 2006

Um filme que sofre da doença do “ah, mas tava indo tão bem!”. A idéia é genial: existe um mundo onde todas as pessoas que se mataram vão parar. Um moleque se mata, vai parar lá, e descobre que a namorada dele também se matou. Aí o filme vira um road movie pelo mundo dos suicidas, com três amigos procurando a namorada do rapaz. Com uma trilha sonora recheada de músicas escritas por gente que se matou (e Gogol Bordello). E tava indo tão bem até aparecer o Tom Waits (eu adoro o Tom Waits, mas a partir do momento que ele aparece o filme descamba completamente). Aí o cara que escreveu o filme se perguntou “como diabos eu termino isso aqui?”, e até hoje não encontrou uma resposta satisfatória. O filme acaba uma bobagem completa. Pena. Tava indo tão bem.